Paris: o preço de sermos quem somos
Os atentados em Paris surpreendem o mais cínico dos observadores quanto à escala e são particularmente vis e abjectos devido à indiscriminação e aleatoriedade da violência. O facto de ocorrerem, no entanto, não pode surpreender ninguém.
Já tinham sido ‘projectados’ e eram esperados antes. Os atentados de Beirute e Bagdade antes não surpreendem também, apenas chocam, tal como todos os que se antecederam.
Paris pagou o preço do estilo de vida e da liberdade que temos e da qual, espero, não abdicamos. Não alinho em quem associa os atentados às intervenções ocidentais no Médio Oriente - nada disso faz com que alguém perfeitamente anónimo morra às mãos de cobardes numa sala de espectáculos. Mas também não ignoro que o que leva tantos a esta demência começa pela revolta a essas mesmas intervenções.
Paris doeu, doeu muito, mais pelo choque que significa. Haverá mais atentados, seguramente, e muitas mais tentativas. A resposta, a nossa resposta, tem de mostrar o quão superiores somos a isto. O ataque não é ao Bataclan, ou a Paris, mas ao que somos e ao que temos. A liberdade que temos, a maneira como a vivemos não podem ser beliscadas por ataque nenhum. Quando cedermos, o terror ganha. O terror não pode ganhar. O Ocidente tem de continuar a ser quem é: não cedemos, não recuamos na nossa cultura, no nosso estilo de vida, na liberdade de dizer e fazer o que queremos. Estamos com Paris como amanhã poderemos estar com Londres, Roma, ou com quem for atacado. O Ocidente não pode ceder, não pode ter medo. O que devemos fazer, ao invés, é sublinhar os valores de que nos orgulhamos: devemos acolher mais refugiados, e integrá-los devidamente; devemos manter-nos unidos e não responder com violência à violência.
O Estado Islâmico quer asfixiar com um garrote de medo quem somos. Quebremo-lo e continuaremos a mostrar a estes monstros porque seremos sempre melhores que eles.